Não planejar traz diferentes dores, movidas pela incerteza sobre o futuro e desalinhamento entre as áreas.
Uma maneira para representar o custo total que não planejar traz para toda empresa é por meio da “Pizza da Incerteza”.
Imagina que o tamanho dessa pizza é proporcional ao quão incerto é o futuro para você.
Ela é dividida em 3 fatias, ou seja, três grandes categorias para pagar esses custos. Uma para cada tipo de custo do “mau planejamento”, e todas estão interligadas.
A primeira fatia é o Custo da Falta.
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Ela vem quando o cliente quer o produto e ele não está em estoque. Assim, o nível de satisfação do consumidor com a sua marca diminui e a venda ainda pode acabar indo para o seu concorrente.
A segunda, denominada de Custo do Excesso, ocorre quando você tem o produto em estoque e nenhum cliente quer comprá-lo. Dessa maneira, o seu negócio incorre em custos de oportunidade de capital, armazenagem e, no limite, write off.
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Para bancar a incerteza e minimizar os outros dois custos, o que acaba acontecendo é a empresa entrar em uma correria no seu Supply Chain. Nesse caso, ocorrem setups excessivos, terceiros turnos emergenciais e transferências entre CDs. Esses são os custos que colocamos dentro da fatia de Custos da Pressa.
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O trabalho do time de planejamento está relacionado a reduzir ao máximo essa pizza e fatiá-la da melhor maneira possível para a companhia!
Custo da Falta
A primeira das fatias que iremos abordar é o Custo da Falta.
Ela é basicamente o que teria a ser ganho se tivéssemos o produto certo no lugar certo e na hora certa.
Em linhas gerais, é o que ganharíamos por ter planejado aquela demanda com antecedência e, com isso, produzido, transferido e comprado matéria-prima há mais tempo.
Ou seja, consiste em comparar com o quanto ganharíamos com todo o processo ocorrendo da forma que aquela venda acontecesse da melhor maneira possível e visando a maior lucratividade possível.
Existem alguns jeitos de medir a falta, mas um dos mais comuns é feito em dois passos: contabilizar os dias com estoque baixo ou zero, e multiplicá-los pela média diária de vendas; e fazer a margem de contribuição unitária.
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Na primeira linha, partimos da medição da falta a partir da quantidade de dias em que não tivemos estoque e multiplicamos isso pela inferência do valor médio de vendas diárias, chegando ao número de unidades perdidas.
No entanto, é preciso tangibilizar essa perda financeira em valor real, de forma que a empresa como um todo consiga enxergar essa dor.
Para isso, usamos a margem de contribuição unitária que se deixa de ganhar quando não vendemos uma unidade de um produto.
Nesse caso, o custo do produto e outras deduções sobre a receita, podem ser desconsiderados, uma vez que não contribuíram diretamente para o montante da empresa.
Repetindo esse cálculo para cada um dos SKUs e para todos os centros de distribuição chegamos na monetização perdida para o período analisado.
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Custo do Excesso
A fatia do Custo de Excesso é a mais evidente, sendo composta por todos os custos físicos de armazenagem e os custos de capital.
O custo de armazenagem inclui tudo que envolve ter o estoque fisicamente em sua posse.
Uma forma de calculá-lo é dividir o custo total de armazenagem por posição pallet. Assim, cada pallet de posição que tiver de excesso resultará em um custo que a empresa não precisaria estar pagando.
É válido lembrar que dinheiro tem sempre valor no tempo e este dinheiro parado em estoque perde esse valor, uma vez que esse montante poderia estar sendo investido ou aplicado em outros lugares, produzindo mais. É aqui que entram os custos de capital.
O cálculo desses custos é dado pela multiplicação do estoque médio ao longo do tempo multiplicado pelo WACC (Weighed Average Capital Cost), uma medida comum de custo de capital em companhias.
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Há ainda uma terceira categoria de Custo do Excesso, que é o Custo de Risco de Excesso.
Ele está relacionado a ter muito estoque que é suscetível à perda por validade ou obsolescência, sendo somados aos custos de descarte.
No geral, é um custo difícil de ser metrificado, mas, para algumas empresas, é muito relevante. Seu cálculo é feito pela multiplicação do custo do produto e o risco de Write-off. Vale lembrar que esse último não é trivial de ser medido e deve ser acordado com a diretoria da empresa.
Custo da Pressa
Esta terceira e última fatia acaba sendo um caso à parte de análise para cada empresa.
O Custo da Pressa, ou Custo da Correria, depende diretamente da estrutura operacional da organização para ser definido.
Ele explica o que acontece quando a empresa não quer deixar faltar produto, não tinha o produto em estoque e teve que sair correndo para atender. Isso gera uma série de custos e ineficiências.
É aqui que entram os fretes aéreos, os turnos extras de produção, o setup não planejado, as transferências emergenciais entre CDs…
Em suma, consiste em toda a ineficiência que impomos no Supply Chain quando a gente pisa no acelerador além do que o Supply Chain foi pensado para aguentar.
Para ilustrar melhor, trazemos alguns exemplos a seguir de Custos da Pressa.
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Conclusão
Essas 3 fatias somadas vão compor a dor total em dinheiro, ou seja, o custo total de um S&OP mal-feito ou da ausência dele.
Portanto, para minimizar esses custos, a solução é a implantação de um bom processo de S&OP.
Nesse caso, a função do planejamento tático é, essencialmente, reduzir ao máximo a incerteza, e balancear os custos dela de forma a chegar no menor custo global.
Baseado ainda na pizza, é possível chegar a 5 grandes objetivos para o S&OP.
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São eles: reduzir a incerteza (diminuir o tamanho da pizza), alinhar a executar a estratégia de serviço, equilibrar os níveis de estoque, maximizar o giro dos ativos e orquestrar a tomada de decisão.
Com isso, temos o resumo esperado de objetivos que o processo de S&OP deve atingir.
Para chegar nesses resultados, é importante que toda a organização entenda como a área atuará e potencializará os resultados da empresa.